domingo, 10 de agosto de 2014

Abranches da Câmara (D. Álvaro).

Abranches da Câmara (D. Álvaro). 
n.
f.     1660.

Comendador da Castanheira, na Ordem de Cristo, e morgado de Abranches Almada. 
Foi um dos homens mais importantes da sua época, que mais serviços prestaram ao seu país, e um dos bravos portugueses, que em 1625, cercaram e tomaram a cidade da Baía, aos holandeses. Contribuiu muito para a aclamação de D. João IV, em 1640, sendo o primeiro que arvorou em Lisboa a bandeira da independência nacional, assenhoreando-se do castelo de S. Jorge, soltando Matias de Albuquerque e Rodrigo Botelho, conselheiros de fazenda, que estavam ali presos pelos dominadores castelhanos. Depois da restauração, foi nomeado governador das armas na Beira, mestre de campo general na Estremadura, e conselheiro de estado. Na província da Beira praticou acções de valor, e entrando em Castela, saqueou e incendiou algumas vilas espanholas. 


Abranches Bizarro (Clemente Joaquim). 
n.
f.

Cirurgião, aprovado pela antiga Escola Cirúrgica do Hospital de S. José de Lisboa, concluindo o curso em 1828. 
Exerceu a clínica durante alguns anos em Lisboa, sendo depois nomeado para serviço próprio da sua profissão, para o Ultramar, onde morreu. Desconhece-se a data do falecimento assim como a do nascimento. 
Escreveu: 
Dissertação sobre o uso das suturas nas abdominaes, apresentada ao Corpo cathedratico da R. Escola de Cirurgia de Lisboa, Lisboa, 1828: Estudo primeiro sobre a doença Trisplanchnasthenia (cólera morbus) feito recentemente no hospital de S. José, Lisboa, 1833. 0 Dr. Lima Leitão, no seuFragmento da Historia da invasão do Cholera em Portugal, 1833, fala muito lisonjeiramente acerca deste trabalho; Mappa e breve opusculo do primeiro anno no hospital das Casas d'Azylo, no hospicio das Filhas da Charidade.Lisboa, 1837; A Consciencia duma creança, Lisboa, 1837. No tomo III doJornal da Sociedade das Sciencias Medicas de Lisboa vêm publicados alguns artigos seus.



Abrantes (D. Ana Catarina Henriqueta de Lorena, duquesa de).
n.    [ 3 de Setembro de 1691 ).
f.     [ Junho de 1761 ].

Era filha do 1.º marquês de Abrantes e de D. Isabel de Lorena, filha de D. Nuno Alvares Pereira de Mello, 1.º duque de Cadaval, 4.º marquês de Ferreira e 5.º conde de Tentúgal; D. Ana casou com seu tio, D. Rodrigo de Melo, irmão de sua mãe. Tendo enviuvado, foi feita camareira‑mor da rainha D. Mariana Vitória, mulher do rei D. José I, e em 4 de Dezembro de 1753, o soberano a agraciou com o título de duquesa de Abrantes.



 Abrantes (Frei António Baptista, ou Frei António do Rosário Baptista).
n.    25 de Dezembro de 1737.
f.     Janeiro de 1813.

Franciscano da Ordem Terceira, n. em Abrantes, em 25 de Dezembro de 1737; embarcou para o Brasil em 1807, com a família real, e morreu no Rio de Janeiro em 1813. Era professor de árabe, que aprendera com o Marenita Dr. Paulo Hodar, definidor geral. Foi capelão da armada e confessor da princesa do Brasil, D. Carlota Joaquina. Escreveu: Instituições da lingua arabiga para uso das escholas da Congregação da Terceira Ordem, Lisboa, 1774.



 Abrantes (Frei Cristóvão de).
n.    
f.     5 de Abril de 1574.

N. na vila deste nome, foi franciscano, capucho, e depois provincial do convento da Piedade; segundo afirmam Frei Manuel de Monforte e Diogo Barbosa Machado, autoridades em que se baseia Inocêncio, traduziu osExercicios espirituaes e divinos compostos por Nicolau Eschio, trasladados do latim em romance portuguez. Na tradução impressa em Évora, em 1554 por André de Burgos, diz-se que foi feita por um frade menor do convento da Piedade. Frei Cristóvão Abrantes faleceu em 5 de Abril de 1574.


Abrantes (D. José Maria da Piedade de Lencastre Silveira Castelo Branco de Almeida Sá e Menezes, 4.º marquês de).
n.    7 de Fevereiro de 1784.
f.     [ 11 de Fevereiro de ] 1827.

Era filho do 3.º marquês de Abrantes, D. Pedro de Lencastre; 
n. em 7 de Fevereiro de 1784, f. em Londres em 1827. 

Acompanhou o pai na comissão portuguesa que foi a França, onde esteve também prisioneiro. Partidário e último valido do infante D. Miguel atribuiu-se-lhe a responsabilidade no assassinato do marquês de Loulé, em 1824, sendo auxiliado pelo seu sota Leonardo; o marquês, para evitar ser preso, fugiu para Itália; em 1826, julgando estar incluído na amnistia promulgada por D. Pedro, voltou a Lisboa, porém o ministério nem o deixou desembarcar, fugindo então o marquês para Londres, onde morreu em 1827, como acima dissemos. Suspeita-se que foi envenenado. 
Havia casado em 1806, com D. Helena de Vasconcelos, filha dos marqueses de Castelo Melhor.


Abrantes (D. Lopo de Almeida, 1.º conde de).
n.    
f.     13 de Maio de 1508.


Titulo concedido por D. Afonso V, em 1472; foi alcaide mar de Punhete, hoje Constância, do conselho de estado, e exerceu diversos cargos importantes na corte durante esse reinado. 
Era filho de D. Diogo Fernandes de Almeida, alcaide-mor de Abrantes, e teve por filhos: D. Francisco de Almeida, 1.º vice-rei das Índias, D. João de Almeida, 2.º conde de Abrantes, e D. Diogo Fernandes de Almeida, 6.º prior do Crato, monteiro­-mor do rei D. João II e alcaide-mor de Torres Novas. Em 1451, D. Lopo de Almeida acompanhou à Alemanha a infanta D. Leonor, que foi desposar o imperador Maximiliano. Conta a sua viagem em varias cartas, que estão publicadas nas Provas da Historia Genealógica da Casa Real Portuguesa, do padre António Caetano de Sousa. Casou com D. Brites da Silva, dama da rainha D. Leonor, mulher de D. Duarte, e camareira-mor da rainha D. Isabel. Morreu em Almeirim, a 13 de Maio de 1508. 


Abrantes (Padre Manuel de).
n.    
f.     10 de Janeiro de 1717.


Nat. de Manteigas, foi professor público em Lisboa, doméstico do cardeal da Cunha e cónego na colegiada de Santarém. Era poeta latino muito distinto, e escreveu nesta língua alguns epigramas que se publicaram em 1615. 
Escreveu: 
Epigrammata sacra per singulos ann dies, Juxta ordinem Breviari Romani incipienta a nativitate Domini nostri Jesu Christi, cui opusculum consecratur. Accesserunt epigrammata ad Sanctos Lusitanos ad Passionem Domini, et una pia etiam elegia, e Cunebat Emmanuel d'Abrantes, sacerdos Lusitanus,Ulisipone, 1685. 

Faleceu em 10 de Janeiro de 1717.





http://web.archive.org

http://web.archive.org/web/20060206222802/http://www.arqnet.pt/dicionario/seabrasilvaj.html

Fidalgo cavaleiro e moço fidalgo com exercício na Casa Real, por alvará de 20 de Setembro de 1753, grande estadista, etc. N. em Vilela a 31 de Outubro de 1732, fal. a 13 de Março de 1813. Era filho de Lucas Seabra da Silva (V. o artigo seguinte), e de sua mulher D. Josefa de Morais Ferraz. Aprendeu em casa os estudos preparatórios da Universidade debaixo da direcção de um douto eclesiástico chamado Manuel de Sousa, e passou depois a matricular-se na Universidade de Coimbra, quando apenas contava 12 anos, como consta de dois documentos autênticos, transcritos por um neto do estadista António de Seabra num folheto que publicou para responder a algumas asseverações feitas por Simão da Luz Soriano na sua História do reinado de D. José. Um desses documentos é a cópia da certidão do baptismo, que o declara nascido na data já mencionada, o outro é a certidão da matrícula e do doutoramento que prova que ele se matriculou na faculdade de Leis a 1 de Outubro de 1744, e que se doutorou a 21 de Abril de 1751, tendo por conseguinte 12 anos quando entrou na Universidade, e 19 quando se doutorou. Deve notar-se, porém, que isto se passava antes da reforma da Universidade feita pelo marquês de Pombal. Vindo para Lisboa, onde seu pai era desembargador, fez logo a 1 de Março de 1752 o seu exame vago ou dejure aperto, como se dizia, e com tal brilho que o marquês declarou nas respostas aos quesitos que se lhe fizeram, quando se lhe instaurou processo depois da sua queda, que tendo assistido a esse exame, desde logo o distinguiu e prometeu a si mesmo empregá-lo em cargo de confiança. Não o favor que desde logo adquiriu de Sebastião, que estava bem longe então de ser omnipotente, mas os privilégios que nessa época desfrutavam os filhos dos altos magistrados judiciais, fizeram com que fosse logo despachado desembargador do Porto por alvará de 1 de Janeiro de 1763, quando ainda não completara 21 anos de idade. Logo, porém, que o marquês de Pombal começou a adquirir mais preponderância, não se esquecendo nunca dos homens para quem fora deitando as vistas como seus auxiliares prestantes que podiam ser, chamou José de Seabra para junto de si, e primeiro, como ele próprio diz, encarregou-o simplesmente de ser o seu amanuense particular, de lhe minutar os papéis de menos segredo. Auxiliando-o vivamente na sua campanha contra os jesuítas, foi conquistando cada vez mais as boas graças de Sebastião de Carvalho, que o fez seu ajudante de estado, e que principiou a pensar em o nomear ministro adjunto à sua pessoa, uma espécie de sub-secretário de estado. Em 1765 foi nomeado procurador da coroa, e nessa qualidade continuou a ser um poderoso auxiliar do marquês de Pombal na sua guerra contra os jesuítas e contra os jacobinos ou sigilistas. Por isso, tendo sido nomeado a 25 de Abril de 1765, foi logo a 11 de Novembro do mesmo ano nomeado chanceler da Casa da Suplicação, a 29 de Abril de 1766 guarda-mor da Torre do Tombo, sendo já desde 1757 fiscal da companhia do Grão-Pará e Maranhão, desde 1760 executor da real fazenda da rainha D. Maria Ana. A carta régia de 25 de Janeiro de 1770 fazia-o desembargador do Paço, e finalmente a 3 de Junho de 1771 era nomeado ministro de Estado adjunto ao marquês de Pombal. José de Seabra esteve no poder três anos, merecendo sempre a confiança mais completa do grande ministro, até que de repente desabou sobre ele a mais extraordinária e implacável calamidade que é possível imaginar-se. A 17 de Janeiro de 1774 ia a família real partir para Salvaterra, e José de Seabra, que costumava acompanhá-la, chegou ao cais de Belém quando o rei já estava na galeota. José de Seabra, chegou se à beira do cais, beijou a mão ao rei, e pediu-lhe as suas ordens. D. José, porém, sem lhe dizer como ele esperava: Venha, disse-lhe apenas: Vá recebê-las do marquês de Pombal. José de Seabra ficou suspeitando apenas que haveria algum negócio urgente de que não tinha ainda conhecimento, quando o rei outra vez o chamou só para lhe apertar as mãos mostrando-se comovido. Então é que José de Seabra se começou a perturbar, percebendo que havia novidade de maior vulto. Assim que o rei partiu, correu a casa do marquês; este mandou o entrar, e apenas se viram sós, lhe lançou os braços ao pescoço, e disse-lhe também comovido que estava demitido e desterrado. Perguntou-lhe José de Seabra o motivo de tão inesperada desgraça, e o marquês só lhe respondeu, que cumpria com o mais vivo pesar as ordens positivas e terminantes do rei. A ordem era a seguinte: «Cumpre ao meu real serviço que haja como hei por escuso de todos os empregos que nele ocupou o doutor José de Seabra da Silva, e lhe ordeno que no termo de quarenta e oito horas haja de sair da cidade de Lisboa e seu termo, e no de quinze dias peremptórios se apresente no Vale de Besteiros para dele não sair até segunda ordem minha. O marquês de Pombal, do meu conselho de Estado e secretário e ministro dos negócios do reino, o tenha assim entendido e faça executar, registando-se este decreto no livro a que pertence, e averbando-se os que por ele ficam reduzidos de nenhum valor. Palácio de Nossa Senhora da Ajuda em 17 de Janeiro de 1774.» Fulminado com esta ordem e sem a poder perceber, recebia ao mesmo tempo a ordem verbal de sair de Lisboa sem o dizer sequer à família. Cumpriu a ordem rigorosamente como fora dada, porque bem sabia o risco que corria se ousasse faltar fosse em que fosse. Foi para Vale de Besteiros e ali esteve três meses. De repente recomeça a perseguição. A 16 de Abril de 1774 uma ordem escrita toda pelo próprio punho do marquês de Pombal, manda ao juiz de fora de Tondela que auxilie no desempenho duma importante e urgente comissão de serviço o corregedor de Évora João Baptista da Fonseca Teixeira Coelho Cardoso. Essa comissão é a de ir prender na sua casa de Vale de Besteiros o desterrado José de Seabra. Chegam os dois magistrados acompanhados por uma força de cavalaria a sua casa no dia 30 de Abril, e levam-no preso para S. João da Foz no Porto, onde chegou no dia 4 de Maio, deixando-o ali sepultado nas masmorras do castelo. E entretanto em Lisboa promulgava o rei D. José outro decreto ainda mais áspero que o primeiro: «Por quanto, dizia o decreto de 6 de Maio de 1774, pelo decreto de 17 de Janeiro do corrente ano houve por escuso de todos os empregos que no meu real serviço ocupava o doutor José de Seabra da Silva, sou servido que na secretaria do Estado dos negócios do reino seja lavrado o decreto original de 6 de Julho de 1771, que pelo sobredito ficou de nenhum efeito e que o registo dele seja trancado e abolido, de sorte que mais se não possa ler, e que este decreto seja registado no livro a que pertence, guardando-se o original na forma do estilo. O marquês de Pombal, do meu conselho, e secretário e ministro dos negócios do reino, tenha assim entendido e faça executar. Palácio de Nossa Senhora da Ajuda, etc.» Ainda aqui não parou a perseguição. O corregedor de Évora, quando o prendeu, confiscou-lhe o dinheiro que ele tinha em casa, e que eram 3.000 cruzados. A 4 de Outubro foi tirado do castelo de S. João da Foz, e conduzido debaixo de prisão para um navio que seguia para o Rio de Janeiro, não levando consigo nem dinheiro nem fato quase como se fosse um marinheiro qualquer. Chegando ao Rio de Janeiro foi mandado para a ilha das Cobras, até que o meteram numa sumaca armada em corveta, e o despacharam para Angola, chegando a Luanda a 1 de Março de 1775. Não era ainda o termo da sua viagem, porque foi mandado para Purgo‑Andongo, ou presídio das Pedras Negras. Era esse o desterro mais cruel, que então se podia dar a um homem. Além das intempéries do clima, chegou a sofrer privações, e quase que padeceu fome, e padece-la‑ia de certo, se o governador D. António de Lencastre lhe não valesse. Qual era o motivo, porém, desta tão inesperada catástrofe? É esse um dos enigmas mais insolúveis da nossa história. Apenas correu em Lisboa a notícia da queda de José de Seabra, circularam vários boatos a respeito do motivo de tão repentino desastre, mas no que mais se insistiu, que se considerou até adquirido para a história, e que Jacome Ratton consignou nas suasRecordações, foi que José de Seabra tinha conhecimento de um plano que o marquês de Pombal formara, de combinação com D. José, para afastar do trono a princesa D. Maria, e para fazer subir a ele o príncipe D. José, neto do soberano, e muito estimado pelo marquês, e deixara transpirar esse segredo, e que fora dali que resultara a queda do infeliz ministro. Muitas razões, ainda assim, fazem com que se acredite ser falso também esto boato. Dizia‑se que o cardeal da Cunha o intrigara para com o rei; o facto é que nunca se pôde averiguar o verdadeiro motivo de tão atroz perseguição. Sabendo José de Seabra que em 1777, pela morte do rei e aclamação de D. Maria I, podia voltar ao reino, partiu logo. Foi em Outubro de esse ano que a notícia chegou às Pedras Negras, e foi no fim desse mês que ele partiu para Luanda, a 20 de Dezembro do mesmo ano que saiu de Luanda para a Baía, onde chegou a 29 de Janeiro de 1778. Depois de ali se demorar alguns dias embarcou para Lisboa, sendo aqui recebido com verdadeira ovação, indo imensa gente acompanhá-lo a sua casa de S. Sebastião da Pedreira. Poucos dias depois dirigiu uma representação à rainha, em que pedia que lhe fossem restituídas as honras de ministro que lhe cabiam por ter exercido esse cargo, e que o indemnizasse do que perdera, como fosse do seu real agrado. Nessa representação não se queixava do marquês de Pombal, e declarava que nunca fora réu do crime honrado que lhe imputavam, de ter revelado o segredo em que se pretendia excluir do trono a rainha D. Maria I. Tornou‑se isso menos importante à soberana, e o certo é, que tendo-se proposto em conselho de ministros uma pensão 6.000 cruzados por ano para José de Seabra, a rainha estranhou a quantia, e afinal concedeu‑se a comenda de S. Miguel de Oliveira de Azeméis, da ordem de Cristo, que rendia apenas 2.250 cruzados. José de Seabra retirou‑se descontente para uma quinta próximo da Figueira, onde começou a passar uma vida patriarcal com sua mulher. O infeliz ministro havia casado em 1764 com D. Ana Felícia Coutinho Pereira de Sousa Tavares da Horta Amado Cerveira, filha única e herdeira de Nicolau Pereira Coutinho de Sousa Meneses da Horta Amado e Cerveira, senhor de diversos morgados, e de sua mulher D. Francisca Maria Tavares de Sousa Coutinho. No seu retiro, contudo, muitas vezes o consultavam como homem experiente e prático das coisas da administração. Em 1781 foi surpreendido pela nomeação de presidente da junta do código; finalmente em 1788, tendo falecido o visconde de Vila Nova da Cerveira e Aires de Sá, ministros do reino e dos estrangeiros, foi José de Seabra da Silva chamado ao ministério juntamente com Luís Pinto de Sousa Coutinho, indo este para a pasta dos estrangeiros e da guerra, e aquele para a do reino. Não foi feliz este ministério, porque foi exactamente o que teve de dirigir os negócios do país quando rebentou a revolução francesa, e não os dirigiu com acerto. O ministério do reino compreendia também então as actuais pastas da justiça e negócios eclesiásticos e obras públicas. Tendo encontrado já criada a Academia Real das Ciências, tomou várias providências a seu favor; com relação à Universidade do Coimbra, mandou-lhe entregar os títulos dos bens que tinham pertencido aos jesuítas, e procedeu a outras medidas de importância. Criou o lugar de superintendente geral e a junta directora dos estudos, tomou várias providências com relação ao Jardim Botânico, Museu, Laboratório e casa de risco da Ajuda, mandou formalizar a descrição geográfica e económica do Minho, nomeou urna comissão para estudar cientificamente o Brasil e mandou estudar ao estrangeiro alguns moços de talento, e finalmente foi ele o fundador da Biblioteca Pública. Em obras públicas também fez coisas importantes, consignando avultadas verbas para as obras da barra do Porto, mandou fazer as estradas de Lisboa ao Porto, do Porto à Foz, e a do Alto Douro, etc. Aboliu as ouvidorias, determinou e demarcou as novas comarcas. Perto de 11 anos durou o ministério de José de Seabra, mas de súbito novamente caiu sobre ele o desagrado régio. Fora a 15 de Dezembro de 1788, que entrara no governo, e foi a 15 de Agosto de 1799, que foi de novo demitido. As causas desta vez são conhecidas e honradíssimas para José de Seabra. Em 1792, achando-se completamente louca a rainha D. Maria I e incapaz de se aplicar de qualquer forma aos cuidados do governo, José de Seabra e os seus colegas deliberaram em conselho, depois de ouvidos os médicos, que era indispensável que o príncipe D. João assumisse a regência, mas entendeu José de Seabra, e à exortação que ele lhes tez nesse sentido aderiram completamente os seus colegas, que o príncipe entrasse a governar o reino, mas sem tomar abertamente a regência, como em Inglaterra se fazia também com a loucura de Jorge III. Assim se resolveu, e as coisas neste sentido caminharam por mais do 7 anos, recebendo José de Seabra constantes provas de estima e de consideração do príncipe, sendo uma delas o título de visconde da Baía conferido a seu filho primogénito Manuel Maria Coutinho Pereira de Seabra e Sousa a 16 de Junho de 1796, título que foi conferido ao filho e não a ele, porque era o filho que descendia, pelo lado materno, dos primeiros donatários da Baía de Todos os Santos. Em 1799, porém, resolveu o príncipe D. João assumir a regência, e José de Seabra opinou em conselho que a regência não se podia assumir sem a convocação das cortes. Foi uma barreira que desde logo se levantou entre o príncipe regente e José de Seabra. Ao príncipe D. João dominava-o uma preocupação constante, o medo que lhe acontecesse o mesmo que a Luís XVI. Falar-se-lhe em convocar as cortes, quer dizer falar-se-lhe em fazer o mesmo que Luís XVI fizera convocando os Estados Gerais, era o mesmo que anunciar-lhe que viria atrás de si uma Assembleia Constituinte, a república e o cadafalso. Por isso, com uma severidade que não estava nos hábitos do príncipe, apenas José de Seabra proferiu o fatal conselho, com que os outros ministros não concordaram, foi logo demitido pela segunda vez de todos os seus cargos, e mandado para fora de Lisboa, para a sua quinta do Canal junto da Figueira com a proibição de voltar à corte. Surpreendidos por esta súbita resolução, os amigos de José de Seabra intercederam por ele. Animados ao verem que se permitia ao visconde da Baía que frequentasse o Paço, animavam também o ministro exilado, dando-lhe esperanças de que o príncipe reconsiderasse e o tornasse a chamar. José de Seabra consolava-se com essa esperança, vendo demais a mais que, a pedido de sua mulher, o príncipe consentira que ele se transferisse para a sua quinta de S. João da Ribeira, por ser mais sossegada. Com tal rigor procedeu o príncipe regente, que nem permitiu a José de Seabra em 1803 que viesse a Lisboa assistir ao casamento do visconde da Baía, seu filho, com uma filha dos condes de Rio Maior. O governo começou a precisar muitas vezes de recorrer aos seus conselhos, como sucedeu quando D. Carlota Joaquina se quis assenhorear da regência, dando seu marido por incapaz de governar. Nessa época, porém, já José de Seabra estava em Lisboa, porque, em atenção à sua provecta idade, fora-lhe permitido que se recolhesse à sua casa de São Sebastião da Pedreira, em Março de 1801, mas continuando a ser-lhe proibida a entrada na corte. José de Seabra nunca mais foi recebido pelo príncipe. As suas obras publicadas foram todas escritas no desempenho dos seus deveres oficiais como procurador-geral da coroa. Além da Petição de recurso,que apresentou à rainha, conforme dissemos, e que publicou, em 1767 imprimiu também em 1769 um Memorial sobre o schisma do sigillismo. Transcrito por Manuel Amaral

José Seabra da Silva
José Seabra da Silva
Fidalgo cavaleiro e moço fidalgo com exercício na Casa Real, por alvará de 20 de Setembro de 1753, grande estadista, etc. 

N. em Vilela a 31 de Outubro de 1732, fal. a 13 de Março de 1813. Era filho de Lucas Seabra da Silva (V. o artigo seguinte), e de sua mulher D. Josefa de Morais Ferraz. 

Aprendeu em casa os estudos preparatórios da Universidade debaixo da direcção de um douto eclesiástico chamado Manuel de Sousa, e passou depois a matricular-se na Universidade de Coimbra, quando apenas contava 12 anos, como consta de dois documentos autênticos, transcritos por um neto do estadista António de Seabra num folheto que publicou para responder a algumas asseverações feitas por Simão da Luz Soriano na sua História do reinado de D. José. Um desses documentos é a cópia da certidão do baptismo, que o declara nascido na data já mencionada, o outro é a certidão da matrícula e do doutoramento que prova que ele se matriculou na faculdade de Leis a 1 de Outubro de 1744, e que se doutorou a 21 de Abril de 1751, tendo por conseguinte 12 anos quando entrou na Universidade, e 19 quando se doutorou. Deve notar-se, porém, que isto se passava antes da reforma da Universidade feita pelo marquês de Pombal. Vindo para Lisboa, onde seu pai era desembargador, fez logo a 1 de Março de 1752 o seu exame vago ou dejure aperto, como se dizia, e com tal brilho que o marquês declarou nas respostas aos quesitos que se lhe fizeram, quando se lhe instaurou processo depois da sua queda, que tendo assistido a esse exame, desde logo o distinguiu e prometeu a si mesmo empregá-lo em cargo de confiança. 


Não o favor que desde logo adquiriu de Sebastião, que estava bem longe então de ser omnipotente, mas os privilégios que nessa época desfrutavam os filhos dos altos magistrados judiciais, fizeram com que fosse logo despachado desembargador do Porto por alvará de 1 de Janeiro de 1763, quando ainda não completara 21 anos de idade. Logo, porém, que o marquês de Pombal começou a adquirir mais preponderância, não se esquecendo nunca dos homens para quem fora deitando as vistas como seus auxiliares prestantes que podiam ser, chamou José de Seabra para junto de si, e primeiro, como ele próprio diz, encarregou-o simplesmente de ser o seu amanuense particular, de lhe minutar os papéis de menos segredo. Auxiliando-o vivamente na sua campanha contra os jesuítas, foi conquistando cada vez mais as boas graças de Sebastião de Carvalho, que o fez seu ajudante de estado, e que principiou a pensar em o nomear ministro adjunto à sua pessoa, uma espécie de sub-secretário de estado. Em 1765 foi nomeado procurador da coroa, e nessa qualidade continuou a ser um poderoso auxiliar do marquês de Pombal na sua guerra contra os jesuítas e contra os jacobinos ou sigilistas. Por isso, tendo sido nomeado a 25 de Abril de 1765, foi logo a 11 de Novembro do mesmo ano nomeado chanceler da Casa da Suplicação, a 29 de Abril de 1766 guarda-mor da Torre do Tombo, sendo já desde 1757 fiscal da companhia do Grão-Pará e Maranhão, desde 1760 executor da real fazenda da rainha D. Maria Ana. 


A carta régia de 25 de Janeiro de 1770 fazia-o desembargador do Paço, e finalmente a 3 de Junho de 1771 era nomeado ministro de Estado adjunto ao marquês de Pombal. José de Seabra esteve no poder três anos, merecendo sempre a confiança mais completa do grande ministro, até que de repente desabou sobre ele a mais extraordinária e implacável calamidade que é possível imaginar-se. A 17 de Janeiro de 1774 ia a família real partir para Salvaterra, e José de Seabra, que costumava acompanhá-la, chegou ao cais de Belém quando o rei já estava na galeota. José de Seabra, chegou se à beira do cais, beijou a mão ao rei, e pediu-lhe as suas ordens. D. José, porém, sem lhe dizer como ele esperava: Venha, disse-lhe apenas: Vá recebê-las do marquês de Pombal. José de Seabra ficou suspeitando apenas que haveria algum negócio urgente de que não tinha ainda conhecimento, quando o rei outra vez o chamou só para lhe apertar as mãos mostrando-se comovido. Então é que José de Seabra se começou a perturbar, percebendo que havia novidade de maior vulto. Assim que o rei partiu, correu a casa do marquês; este mandou o entrar, e apenas se viram sós, lhe lançou os braços ao pescoço, e disse-lhe também comovido que estava demitido e desterrado. Perguntou-lhe José de Seabra o motivo de tão inesperada desgraça, e o marquês só lhe respondeu, que cumpria com o mais vivo pesar as ordens positivas e terminantes do rei. A ordem era a seguinte: «Cumpre ao meu real serviço que haja como hei por escuso de todos os empregos que nele ocupou o doutor José de Seabra da Silva, e lhe ordeno que no termo de quarenta e oito horas haja de sair da cidade de Lisboa e seu termo, e no de quinze dias peremptórios se apresente no Vale de Besteiros para dele não sair até segunda ordem minha. O marquês de Pombal, do meu conselho de Estado e secretário e ministro dos negócios do reino, o tenha assim entendido e faça executar, registando-se este decreto no livro a que pertence, e averbando-se os que por ele ficam reduzidos de nenhum valor. Palácio de Nossa Senhora da Ajuda em 17 de Janeiro de 1774.» Fulminado com esta ordem e sem a poder perceber, recebia ao mesmo tempo a ordem verbal de sair de Lisboa sem o dizer sequer à família. Cumpriu a ordem rigorosamente como fora dada, porque bem sabia o risco que corria se ousasse faltar fosse em que fosse. Foi para Vale de Besteiros e ali esteve três meses. De repente recomeça a perseguição. A 16 de Abril de 1774 uma ordem escrita toda pelo próprio punho do marquês de Pombal, manda ao juiz de fora de Tondela que auxilie no desempenho duma importante e urgente comissão de serviço o corregedor de Évora João Baptista da Fonseca Teixeira Coelho Cardoso. Essa comissão é a de ir prender na sua casa de Vale de Besteiros o desterrado José de Seabra. Chegam os dois magistrados acompanhados por uma força de cavalaria a sua casa no dia 30 de Abril, e levam-no preso para S. João da Foz no Porto, onde chegou no dia 4 de Maio, deixando-o ali sepultado nas masmorras do castelo. E entretanto em Lisboa promulgava o rei D. José outro decreto ainda mais áspero que o primeiro: «Por quanto, dizia o decreto de 6 de Maio de 1774, pelo decreto de 17 de Janeiro do corrente ano houve por escuso de todos os empregos que no meu real serviço ocupava o doutor José de Seabra da Silva, sou servido que na secretaria do Estado dos negócios do reino seja lavrado o decreto original de 6 de Julho de 1771, que pelo sobredito ficou de nenhum efeito e que o registo dele seja trancado e abolido, de sorte que mais se não possa ler, e que este decreto seja registado no livro a que pertence, guardando-se o original na forma do estilo. O marquês de Pombal, do meu conselho, e secretário e ministro dos negócios do reino, tenha assim entendido e faça executar. Palácio de Nossa Senhora da Ajuda, etc.» 


Ainda aqui não parou a perseguição. O corregedor de Évora, quando o prendeu, confiscou-lhe o dinheiro que ele tinha em casa, e que eram 3.000 cruzados. A 4 de Outubro foi tirado do castelo de S. João da Foz, e conduzido debaixo de prisão para um navio que seguia para o Rio de Janeiro, não levando consigo nem dinheiro nem fato quase como se fosse um marinheiro qualquer. Chegando ao Rio de Janeiro foi mandado para a ilha das Cobras, até que o meteram numa sumaca armada em corveta, e o despacharam para Angola, chegando a Luanda a 1 de Março de 1775. Não era ainda o termo da sua viagem, porque foi mandado para Purgo‑Andongo, ou presídio das Pedras Negras. Era esse o desterro mais cruel, que então se podia dar a um homem. Além das intempéries do clima, chegou a sofrer privações, e quase que padeceu fome, e padece-la‑ia de certo, se o governador D. António de Lencastre lhe não valesse. Qual era o motivo, porém, desta tão inesperada catástrofe? É esse um dos enigmas mais insolúveis da nossa história. Apenas correu em Lisboa a notícia da queda de José de Seabra, circularam vários boatos a respeito do motivo de tão repentino desastre, mas no que mais se insistiu, que se considerou até adquirido para a história, e que Jacome Ratton consignou nas suasRecordações, foi que José de Seabra tinha conhecimento de um plano que o marquês de Pombal formara, de combinação com D. José, para afastar do trono a princesa D. Maria, e para fazer subir a ele o príncipe D. José, neto do soberano, e muito estimado pelo marquês, e deixara transpirar esse segredo, e que fora dali que resultara a queda do infeliz ministro. Muitas razões, ainda assim, fazem com que se acredite ser falso também esto boato. Dizia‑se que o cardeal da Cunha o intrigara para com o rei; o facto é que nunca se pôde averiguar o verdadeiro motivo de tão atroz perseguição. Sabendo José de Seabra que em 1777, pela morte do rei e aclamação de D. Maria I, podia voltar ao reino, partiu logo. Foi em Outubro de esse ano que a notícia chegou às Pedras Negras, e foi no fim desse mês que ele partiu para Luanda, a 20 de Dezembro do mesmo ano que saiu de Luanda para a Baía, onde chegou a 29 de Janeiro de 1778. Depois de ali se demorar alguns dias embarcou para Lisboa, sendo aqui recebido com verdadeira ovação, indo imensa gente acompanhá-lo a sua casa de S. Sebastião da Pedreira. Poucos dias depois dirigiu uma representação à rainha, em que pedia que lhe fossem restituídas as honras de ministro que lhe cabiam por ter exercido esse cargo, e que o indemnizasse do que perdera, como fosse do seu real agrado. Nessa representação não se queixava do marquês de Pombal, e declarava que nunca fora réu do crime honrado que lhe imputavam, de ter revelado o segredo em que se pretendia excluir do trono a rainha D. Maria I. Tornou‑se isso menos importante à soberana, e o certo é, que tendo-se proposto em conselho de ministros uma pensão 6.000 cruzados por ano para José de Seabra, a rainha estranhou a quantia, e afinal concedeu‑se a comenda de S. Miguel de Oliveira de Azeméis, da ordem de Cristo, que rendia apenas 2.250 cruzados. José de Seabra retirou‑se descontente para uma quinta próximo da Figueira, onde começou a passar uma vida patriarcal com sua mulher. O infeliz ministro havia casado em 1764 com D. Ana Felícia Coutinho Pereira de Sousa Tavares da Horta Amado Cerveira, filha única e herdeira de Nicolau Pereira Coutinho de Sousa Meneses da Horta Amado e Cerveira, senhor de diversos morgados, e de sua mulher D. Francisca Maria Tavares de Sousa Coutinho. 


No seu retiro, contudo, muitas vezes o consultavam como homem experiente e prático das coisas da administração. Em 1781 foi surpreendido pela nomeação de presidente da junta do código; finalmente em 1788, tendo falecido o visconde de Vila Nova da Cerveira e Aires de Sá, ministros do reino e dos estrangeiros, foi José de Seabra da Silva chamado ao ministério juntamente com Luís Pinto de Sousa Coutinho, indo este para a pasta dos estrangeiros e da guerra, e aquele para a do reino. Não foi feliz este ministério, porque foi exactamente o que teve de dirigir os negócios do país quando rebentou a revolução francesa, e não os dirigiu com acerto. O ministério do reino compreendia também então as actuais pastas da justiça e negócios eclesiásticos e obras públicas. Tendo encontrado já criada a Academia Real das Ciências, tomou várias providências a seu favor; com relação à Universidade do Coimbra, mandou-lhe entregar os títulos dos bens que tinham pertencido aos jesuítas, e procedeu a outras medidas de importância. Criou o lugar de superintendente geral e a junta directora dos estudos, tomou várias providências com relação ao Jardim Botânico, Museu, Laboratório e casa de risco da Ajuda, mandou formalizar a descrição geográfica e económica do Minho, nomeou urna comissão para estudar cientificamente o Brasil e mandou estudar ao estrangeiro alguns moços de talento, e finalmente foi ele o fundador da Biblioteca Pública. Em obras públicas também fez coisas importantes, consignando avultadas verbas para as obras da barra do Porto, mandou fazer as estradas de Lisboa ao Porto, do Porto à Foz, e a do Alto Douro, etc. Aboliu as ouvidorias, determinou e demarcou as novas comarcas. Perto de 11 anos durou o ministério de José de Seabra, mas de súbito novamente caiu sobre ele o desagrado régio. Fora a 15 de Dezembro de 1788, que entrara no governo, e foi a 15 de Agosto de 1799, que foi de novo demitido. As causas desta vez são conhecidas e honradíssimas para José de Seabra. 


Em 1792, achando-se completamente louca a rainha D. Maria I e incapaz de se aplicar de qualquer forma aos cuidados do governo, José de Seabra e os seus colegas deliberaram em conselho, depois de ouvidos os médicos, que era indispensável que o príncipe D. João assumisse a regência, mas entendeu José de Seabra, e à exortação que ele lhes tez nesse sentido aderiram completamente os seus colegas, que o príncipe entrasse a governar o reino, mas sem tomar abertamente a regência, como em Inglaterra se fazia também com a loucura de Jorge III. Assim se resolveu, e as coisas neste sentido caminharam por mais do 7 anos, recebendo José de Seabra constantes provas de estima e de consideração do príncipe, sendo uma delas o título de visconde da Baía conferido a seu filho primogénito Manuel Maria Coutinho Pereira de Seabra e Sousa a 16 de Junho de 1796, título que foi conferido ao filho e não a ele, porque era o filho que descendia, pelo lado materno, dos primeiros donatários da Baía de Todos os Santos. Em 1799, porém, resolveu o príncipe D. João assumir a regência, e José de Seabra opinou em conselho que a regência não se podia assumir sem a convocação das cortes. Foi uma barreira que desde logo se levantou entre o príncipe regente e José de Seabra. Ao príncipe D. João dominava-o uma preocupação constante, o medo que lhe acontecesse o mesmo que a Luís XVI. Falar-se-lhe em convocar as cortes, quer dizer falar-se-lhe em fazer o mesmo que Luís XVI fizera convocando os Estados Gerais, era o mesmo que anunciar-lhe que viria atrás de si uma Assembleia Constituinte, a república e o cadafalso. Por isso, com uma severidade que não estava nos hábitos do príncipe, apenas José de Seabra proferiu o fatal conselho, com que os outros ministros não concordaram, foi logo demitido pela segunda vez de todos os seus cargos, e mandado para fora de Lisboa, para a sua quinta do Canal junto da Figueira com a proibição de voltar à corte. Surpreendidos por esta súbita resolução, os amigos de José de Seabra intercederam por ele. 


Animados ao verem que se permitia ao visconde da Baía que frequentasse o Paço, animavam também o ministro exilado, dando-lhe esperanças de que o príncipe reconsiderasse e o tornasse a chamar. José de Seabra consolava-se com essa esperança, vendo demais a mais que, a pedido de sua mulher, o príncipe consentira que ele se transferisse para a sua quinta de S. João da Ribeira, por ser mais sossegada. Com tal rigor procedeu o príncipe regente, que nem permitiu a José de Seabra em 1803 que viesse a Lisboa assistir ao casamento do visconde da Baía, seu filho, com uma filha dos condes de Rio Maior. O governo começou a precisar muitas vezes de recorrer aos seus conselhos, como sucedeu quando D. Carlota Joaquina se quis assenhorear da regência, dando seu marido por incapaz de governar. Nessa época, porém, já José de Seabra estava em Lisboa, porque, em atenção à sua provecta idade, fora-lhe permitido que se recolhesse à sua casa de São Sebastião da Pedreira, em Março de 1801, mas continuando a ser-lhe proibida a entrada na corte. José de Seabra nunca mais foi recebido pelo príncipe. 


As suas obras publicadas foram todas escritas no desempenho dos seus deveres oficiais como procurador-geral da coroa. Além da Petição de recurso,que apresentou à rainha, conforme dissemos, e que publicou, em 1767 imprimiu também em 1769 um Memorial sobre o schisma do sigillismo.


http://web.archive.org/web/20060206222802/http://www.arqnet.pt/dicionario/seabrasilvaj.html


sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Datas que fizeram história

13 de Janeiro
- de 1750. Assinatura do Tratado de Madrid, que pôs fim a conflitos entre Portugal e a Espanha no Sul da América meridional, definindo os limites do Brasil.

- de 1759. Em Lisboa, Belém, os Távoras e o duque de Aveiro são executados de uma forma selvagem, criticada pela opinião internacional, por estarem implicados no atentado contra o rei D. José.

- de 1893. O Partido Trabalhista Independente britânico foi criado tendo como seu primeiro dirigente James Keir Hardie.

- de 1898. O escritor francês Émile Zola publicou uma carta com o título J'Accuse, em que acusava o governo de francês de encobrir a verdade no caso Dreyfus. O capitão Alfred Dreyfus, de origem judaica,  tinha sido acusado de espionagem a favor da Alemanha, condenado e deportado para a Guiana Francesa.

 Devido à carta que provocou a reabertura do processo, Dreyfus foi ilibado e reintegrado no exército francês.


- de 1935. A população da região do Saar, entre a França e a Alemanha, votou pela incorporação no reich Alemão governado pelo Partido nazi de Hitler. O território estava sob controlo da França desde o fim da Primeira Guerra Mundial.

1 de Janeiro
- de 630. Maomé regressou a Meca, após ter derrotado as forças de Meca e os seus aliados. O Islamismo triunfou na Arábia.

- de 1502. Exploradores portugueses desembarcaram na Baía de Guanabara no Brasil e pensando que seria um estuário de um rio deram à zona o nome de Rio de Janeiro.

- de 1622. No seguimento das reformas do calendário, começadas em fins do século XVI, o Papado adopta o dia 1 de Janeiro como início do ano novo, em vez do dia 25 de Março.

- de 1660.  Samuel Pepys, começou a escrever o seu famoso diário, em que descreveu a vida londrina da segunda metade do século XVII, incluindo a Grande Peste de 1664-1665, o Grande Incêndio de 1666, assim como a vida da corte inglesa, em que se inclui notícias sobre a chegada da  infanta portuguesa D. Catarina de Bragança.

- de 1790.  Fundação da Academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho.

- de 1801.  Entrada em vigor do Acto de União que, integrando o Parlamento irlandês no Parlamento de Westminster, criou o Reino Unido da Grã Bretanha e Irlanda.

- de 1820.  Revolução liberal em Espanha. O general Riego revolta-se em Cádis, sendo acompanhado por levantamentos na Corunha, Saragoça e Barcelona. A Constituição espanhola de 1812 é restabelecida.

- de 1821.  A guarnição militar da cidade do Pará, no Brasil, estabelece uma junta constitucional, na ausência do governador.

- de 1836.  Casamento por procuração de D. Maria II com o príncipe Fernando Augusto de Saxe-Coburgo-Gotha, irmão do primeiro rei dos Belgas, Leopoldo.

- de 1863.  Entrou em vigor a Proclamação da Emancipação, adoptada pelo Presidente dos Estados Unidos, e que libertou os escravos nos Estados que se tinham revoltado contra os Estados Unidos da América.

- de 1877.  A Rainha Vitória de Inglaterra foi proclamada Imperatriz da Índia.

- de 1892. O cais da Ilha de Ellis, no porto de Nova Iorque foi aberto. Seria por aí que mais de 20 milhões de imigrantes entrariam nos Estados Unidos da América, até 1954.

- de 1901. A Comunidade da Austrália (The Commonwealth of Australia) foi criada, formada por seis antigas colónias britânicas que se tornaram estados.

- de 1923. A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas foi criada.

- de 1942. Vinte e seis países assinaram a Declaração das Nações Unidas, em Washington, reafirmando a sua oposição às potências do Eixo e confirmando que nenhuma delas assinaria a paz separadamente..

- de 1958. Os tratados que deram origem À Comunidade Económica Europeia (CEE) e à Comunidade Atómica (Euraton) entraram em vigor, criando um Mercado Comum entre a França, a Alemanha Ocidental, a Itália e o Benelux (Holanda, Bélgica e Luxemburgo).

- de 1959. Fidel Castro tomou o poder em Cuba, após ter destituído o ditador Fulgêncio Batista, dando origem a uma ditadura comunista.

- de 1973. A Grã-Bretanha, a Irlanda e a Dinamarca tornaram-se membros da CEE.

- de 1979. A China e os Estados Unidos da América estabeleceram relações diplomáticas, 30 anos após a fundação da República Popular da China.

- de 1993. A Checoslováquia dividiu-se, dando origem à Republica Checa e à Eslováquia.

- de 1999. Onze países europeus começaram a usar uma nova moeda - o  Euro - em transacções electrónicas. Os países que participaram foram a Alemanha, a Áustria, a Bélgica, a Espanha, a Finlândia, a França, a Holanda, a Irlanda, a Itália, o Luxemburgo e Portugal. A Grécia, mais tarde, foi o 12.º país a aderir.

2 de Janeiro
- de 1492. A cidade de Granada capitulou perante os Reis Católicos, Isabel de Castela e Fernando de Aragão, que conquistaram assim o último reduto muçulmano na Península Ibérica.

- de 1905. O exército imperial russo rendeu-se aos japoneses, a seguir à batalha de Porto Artur durante a Guerra Russo-Japonesa. A conferência de paz, realizada nos Estados Unidos da América, com a mediação do presidente americano Theodore Roosevelt, deu origem à paz de Portsmouth.

- de 1839. Louis Daguerre, fotógrafo francês, tirou a primeira fotografia da Lua.

3 de Janeiro

- de 1521. O Papa Leão X excomungou Martinho Lutero.

- de 1777. George Washington derrotou as forças britânicas em Princeton, durante a Guerra de Independência Americana.

- de 1787. É inaugurado o Observatório Astronómico da Academia de Ciências de Lisboa, instalado no Castelo de São Jorge.

- de 1917. Assinada uma Convenção com a Grã-bretanha para regulamentação da nossa participação na frente europeia, durante a Primeira Guerra Mundial. O Corpo Expedicionário Português (CEP) ficará subordinado ao BEF (British Expeditionary Force).

- de 1924. O egiptólogo inglês Howard Carter descobriu o sarcófago do faraó Tutankhamon, no Vale dos Reis, perto de Luxor, após vários anos de buscas.

- de 1959. O território do Alasca foi admitido nos Estados Unidos da América, sendo o 49.º estado.

- de 1960. Álvaro Cunhal fugiu da prisão de Peniche, tendo sido auxiliado por alguns pescadores.

- de 1961. O presidente americano Dwight Eisenhower cortou as relações diplomáticas com Cuba, dias antes de John Kennedy ser empossado presidente dos Estados Unidos.

- de 1962. O Papa João XXIII excomungou Fidel Castro.

- de 1993. Os Estados Unidos da América e a Rússia assinaram o Tratado Start-II (Strategic Arms Reduction Talks), eliminando dois terços das armas nucleares de longo alcance de cada um dos países.

4 de Janeiro

- de 1680. Criação por meio de Alvará da Companhia de Cabo Verde e de Cacheu, destinada ao comércio de escravos.

- de 1809. Nascimento de Luís Braille (1809-1852), em França. Cego desde a infância inventou um sistema de leitura para cegos.

- de 1824. Carta de Lei declarando em vigor as leis tradicionais, pondo assim fim à vigência da Constituição de 1822.

- de 1960. Albert Camus (1913-1960), escritor francês de origem argelina, morre em Sens, França.

5 de Janeiro

- de 1443. Morte de D. Nuno Álvares Pereira, no Convento do Carmo.

- de 1634. Começo da actividade da primeira tipografia no Brasil.

- de 1778. A Companhia pombalina do Grão-Pará e Maranhão é extinta pelo governo de D. Maria I.

- de 1785. É proibido o estabelecimento de manufacturas no Brasil

- de 1855. Nascimento de King Camp Gillett (1855-1932), em Fond du Lac, no Wisconsin, Estados Unidos da América. Foi o inventor da lâmina de barbear.

- de 1919. O Partido dos Trabalhadores alemães foi fundado em Munique por Anton Drexler. Adolfo Hitler tornou-se o seu militante número 7. Em Abril de 1920 o partido mudou o nome para Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei), tendo passado a ser conhecido pelo nome de Partido Nazi.

- Rosa Luxemburg e Karl Liebknecht, dirigentes comunistas alemães, tentaram tomar o poder em Berlim, ocupando com o seu grupo político alguns edifícios públicos. Foram mortos alguns dias depois pelo exército alemão.

- de 1938. João Carlos de Bourbon, neto do último rei de Espanha, Afonso XIII, nasceu em Roma. Escolhido por Francisco Franco para se tornar rei após a sua morte, foi empossado como rei de Espanha em 22 de Novembro de 1975, dois dias depois da morte de Franco. 

- de 1968. Alexander Dubcek tornou-se o primeiro secretário do Partido Comunista da Checoslováquia. Introduziu reformas liberais conhecidas como «Comunismo com face humana», ou Primavera de Praga, que foram a razão da invasão soviética do país.

- de 1976. No Cambodja, o Partido Comunista, conhecido pelo nome de Khmer Rouge, anunciou uma nova constituição, que legalizava o novo governo comunista, e que dava o nome Kampuchea ao país. No decurso do regime comunista, que sobreviveu até 1979, morreram cerca de 1 milhão de pessoas.

6 de Janeiro

- de 1066. Harold, conde de Essex, foi coroado rei de Inglaterra, após a morte do seu cunhado, Eduardo o Confessor. Harold foi o último rei anglo-saxão, tendo morrido na Batalha de Hastings combatendo a invasão de Guilherme, duque da Normandia, o primeiro rei normando de Inglaterra.

- de 1412. Nascimento de Joana d'Arc (1412-1431) em Dorémy, na Lorena. Tornou-se a Santa padroeira da França, depois de em 1920 ter sido canonizada.

- de 1990. O Partido Comunista da Polónia desapareceu dando origem ao Partido Social Democrata.

7 de Janeiro

- de 1610. Galileu descobriu os quatro satélites de Júpiter - Io, Europa, Ganimedes e Calisto.

- de 1714. Uma Patente foi emitida para a primeira máquina de escrever projectada pelo inventor inglês Henry Mill.

- de 1830. Morte da rainha viúva D. Carlota Joaquina, em Lisboa. Tinha casado com o infante D. João, futuro D. João VI em 1785.

- de 1989. O imperador japonês Hirohito morreu, tendo reinado durante 62 anos. Foi sucedido pelo filho o príncipe Akihito. 


8 de Janeiro
- de 1455. A Bula do Papa Nicolau V, «Romanus Pontifex» concede ao rei de Portugal, aos seus sucessores e ao infante D. Henrique, as terras descobertas e a descobrir pelos navegadores e exploradores ao serviço da Coroa de Portugal.

- de 1815. Batalha de Nova Orleães entre o exército americano, comandado pelo futuro presidente dos Estados Unidos Andrew Jackson, e o exército britânico, no decurso da Guerra de 1812.


- de 1889. Herman Hollerith fabricou o primeiro aparelho de processamento de dados.

- de 1913. Tomada de posse do 1.º governo Afonso Costa

- de 1918. O Presidente americano Woodrow Wilson apresentou os seus Catorze Pontos, propondo a auto determinação dos diversos povos europeus, a redução dos armamentos e a criação da Liga das Nações.

- de 1935. Nascimento do cantor americano Elvis Presley (1935-1977), em Tupelo, no Mississipi.

- de 1941. Baden Powell, criador do Escutismo, morreu.

- de 1959. Charles De Gaulle foi empossado presidente da República francesa. Tinha sido nomeado chefe do governo no ano anterior devido à instabilidade política provocada pela Guerra da Argélia.

- de 1982. A companhia americana American Telephone and Telegraph (AT&T) foi dividida no seguimento de uma acção anti-monopolista. A AT&T deu origem a 22 companhias locais, abrindo o mercado dos Estados Unidos à competição.

9 de Janeiro
- de 1822. Os membros do Senado da Câmara do Rio de Janeiro pediram a D. Pedro para não deixar o Brasil. O infante D. Pedro, chamado a Portugal pelas Cortes, decidiu ficar no Brasil, dando origem ao «Dia do Fico»
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- de 1908. Nascimento da escritora francesa Simone de Beauvoir (1908-1986) em Paris. Tornou-se conhecida com o ensaio Le Deuxième Sexe, publicado em 1949, em 2 volumes.

- de 1944. Nascimento de Richard Nixon (1913-1994), em Yorba Linda, California. Foi o 37.º presidente dos Estados Unidos da América, tendo-se demitido devido ao escândalo Watergate.

- de 1960. Início das obras de construção da barragem de Assuão, no Nilo. A barragem paga em um terço pela União Soviética criou um dos maiores reservatórios de água do mundo. A barragem foi inaugurada  em Janeiro de 1971.

10 de Janeiro

- de 1776. O livro do inglês Thomas Paine, Common Sense (Senso Comum) foi publicado, influenciando determinantemente os autores da Declaração de Independência americana.  O panfleto de 50 páginas vendeu mais de 500.000 exemplares na América e na Europa.

- de 1808. Pelas 11 horas da manhã, a frota que levava a corte para o Brasil, cruza a linha do Equador. D. Maria I e o Príncipe Regente tornavam-se os primeiros monarcas europeus a passar para o hemisfério austral.

- de 1809. Caiena, capital da Guiana francesa, a Norte do Brasil, é conquistada pelo exército português. A capitulação foi assinada no dia 12.

- de 1863. A primeira linha de caminho de ferro subterrâneo foi inaugurada em Londres. A linha Metropolitana ligava Paddington a Farrngdon.

- de 1878. A. Sargent, senador dos Estados Unidos da América pelo estado da Califórnia, apresentou uma proposta de Emenda Constitucional, dando o direito de voto às mulheres. A Emenda só foi aprovada em 1920.

- de 1912. O primeiro hidroavião, inventado por Glenn Curtiss, realizou o seu primeiro vôo em Hammondsport, no estado americano de Nova Iorque.

- de 1920. Criação oficial da Sociedade das Nações (SDN). A primeira reunião da Assembleia realizou-se dez meses depois, estando representados 41 países.

- de 1922. Arthur Griffith foi eleito primeiro presidente do Estado Livre Irlandês.

- de 1926. Estreou-se em Berlim o filme «Metropolis» realizado por Fritz Lang, com base num romance de Thea von Harbou.

- de 1946. Primeira reunião da Assembleia Geral das Nacões Unidas, em Londres, com delegados de 51 países.

11 de Janeiro

- de 1890. No seguimento da apresentação do Mapa Cor de Rosa, o governo britânico enviou um ultimato ao governo português exigindo a retirada das tropas portuguesas do território entre Angola e Moçambique.

- de 1963. A primeira discoteca abriu as portas em Los Angeles, tendo como nome «Whisky-a-gogo».

- de 1964. O Cirurgião Geral dos Estados Unidos fez uma declaração afirmando que o consumo de  cigarros podiam prejudicar a saúde, a primeira declaração oficial de um governo sobre o assunto.

- de 1974. O recenseamento eleitoral, feito para a realização das primeiras eleições democráticas em Portugal, atingiu mais de 6 milhões de inscritos.

12 de Janeiro

- de 1588. Nascimento de  John Winthrop (1588-1649) em Suffolk, Inglaterra. Em 1630 foi com um grupo de Puritanos ingleses para a América, tornando-se o primeiro governador da Colónia da Baía de Massachusetts.

- de 1729. Nascimento do político e filósofo irlandês Edmund Burke (1729-1797), em Dublin. Orador de mérito ficou conhecido internacionalmente quando escreveu Reflections on the Revolution in France, publicado em 1790.

- de 1879. Começo da Guerra Zulu entre a Grã-Bretanha e tribos nativas da Zululandia, que levou à destruição do Império Zulu, criado por Saka.

- de 1976. Morte da escritora inglesa Agatha Christie, em Wallingford, com 85 anos de idade.

- de 1990. O Partido Comunista da Roménia foi proibido, após a deposição de Nicolae Ceauescu.

- de 1996. A primeira operação militar conjunta russo-americana após a Segunda Guerra Mundial, ocorreu com a chegada de forças russas à Bósnia .

13 de Janeiro

- de 1750. Assinatura do Tratado de Madrid, que pôs fim a conflitos entre Portugal e a Espanha no Sul da América meridional, definindo os limites do Brasil.

- de 1759. Em Lisboa, Belém, os Távoras e o duque de Aveiro são executados de uma forma selvagem, criticada pela opinião internacional, por estarem implicados no atentado contra o rei D. José.

- de 1893. O Partido Trabalhista Independente britânico foi criado tendo como seu primeiro dirigente James Keir Hardie.

- de 1898. O escritor francês Émile Zola publicou uma carta com o título J'Accuse, em que acusava o governo de francês de encobrir a verdade no caso Dreyfus. O capitão Alfred Dreyfus, de origem judaica,  tinha sido acusado de espionagem a favor da Alemanha, condenado e deportado para a Guiana Francesa. Devido à carta que provocou a reabertura do processo, Dreyfus foi ilibado e reintegrado no exército francês.

- de 1935. A população da região do Saar, entre a França e a Alemanha, votou pela incorporação no reich Alemão governado pelo Partido nazi de Hitler. O território estava sob controlo da França desde o fim da Primeira Guerra Mundial.

14 de Janeiro
- de 1875. Nascimento do médico e filósofo alemão Albert Schweitzer (1875-1965), na Alsácia. Serviu em África como missionário médico devendo-se-lhe a organização da luta contra a lepra neste continente, o que lhe valeu a atribuição do Prémio Nobel da Paz em 1952.

- de 1943. O presidente americano Roosevelt e o primeiro ministro britânico Churchill reuniram-se em Casablanca, em Marrocos, numa conferência que durou até ao dia 23. Na conferência de imprensa de apresentação dos resultados da reunião, o presidente americano, surpreendentemente, afirmou que os aliados tinham acordado que a paz só seria alcançada por meio «da eliminação total do poder militar alemão e japonês. O que implica a rendição incondicional da Alemanha, Itália e Japão.» Esta decisão foi muito controversa na altura.

15 de Janeiro
- de 69 a.C.. O imperador romano Galba foi morto pela Guarda Pretoriana no Forum de Rom. Tinha sucedido a Nero, e o seu assassinato deu origem a uma época de 30 anos de anarquia governativa no império romano.

- de 1446. O rei D. Afonso V atingiu a maioridade, fazendo 14 anos, passando a governar directamente.

- de 1535. Henrique VIII tornou-se Chefe Supremo da Igreja de Inglaterra em resultado do Acto de Supremacia que tinha provocado a separação da Igreja Católica Romana. 

- de 1559. Isabel Tudor, filha de Henrique VIII e de Ana Bolena, foi coroada rainha de Inglaterra enquanto Isabel I
.
- de 1929. Nascimento de Martin Luther King (1929-1968) em Atlanta, Georgia, nos Estados Unidos da América. Foi um defensor dos direitos civis dos negros, propondo métodos de acção não-violentos para alcançar a igualdade. Recebeu o Prémio Nobel da Paz em 1964, tendo sido assassinado em 1968, em Mênfis, no estado americano do Tennessee.

16 de Janeiro
- de 1547. Ivan o Terível, grão-príncipe da Moscóvia, desde 1533, foi coroado como primeiro Czar da Rússia. Governou a Rússia até 1584 promovendo reformas em todas as áreas, incluindo a criação de uma administração centralizada e a imposição de uma disciplina de tipo militar, o que o levou a instituir uma política de terror contra a aristocracia hereditária.

- de 1809. O exército britânico, comandado pelo general Moore, venceu o exército francês, comandado pelo marechal Soult, na batalha de Corunha. A vitória permitiu que a força britânica embarcasse com toda a segurança nos navios que a esperavam, para levarem as tropas de regresso à Grã-Bretanha.

- de 1853. Nascimento do industrial francês e Andrè Michelin (1853-1931), em Paris. Criou a Companhia de Pneus Michelin em 1888, promovendo a utilização de pneumáticos nas rodas dos automóveis.

- de 1979. O Xá do Irão abandonou o país no meio de manifestações contra o seu governo e a revolta de fundamentalistas islâmicos dirigidos pelo Ayatollah Khomeini. O Xá governava desde 1941 e tinha tentado ocidentalizar o país sem sucesso.

- de 1991. A Guerra do Golfo  começou com o início dos ataques aéreos às defesas anti-aéreas iraquianas. O bombardeamento de Bagdade foi transmitido em directo pelos correspondentes da estação de televisão americana CNN.

- de 1992. A Guerra Civil em El Salvador terminou com a assinatura de um tratado de paz na Cidade do México. O conflito fez 75.000 mortos.

17 de Janeiro
- de 1706. Nascimento de Benjamin Franklin (1706-1790), em Boston, na colónia britânica do Massachusetts. Cientista, filósofo, político e diplomata, foi um dos signatários da Declaração de Independência dos Estados Unidos da América.

- de 1773. Resolution, navio da Marinha de Guerra britânica, comandado pelo capitão James Cook tornou-se o primeiro navio a atravessar o Círculo Polar Antártico..

- de 1945. Varsóvia foi libertada pelo Exército soviético, no decurso da Segunda Guerra Mundial.



quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Cesário Verde


Cesário Verde
   




Poeta português, natural de Caneças, Loures, oriundo de uma família burguesa abastada. O pai era lavrador (tinha uma quinta em Linda-a-Pastora) e comerciante (estabelecido com uma loja de ferragens na baixa lisboeta). Foi por essas duas actividades práticas, úteis, de acordo com a visão do mundo do próprio Cesário Verde, que se repartiu a vida do poeta. Paralelamente, ia alimentando o seu gosto pela leitura e pela criação literária, embora longe dos meios literários oficiais com que nunca se deu bem, o que o levou, por exemplo, a abandonar o Curso Superior de Letras da Faculdade de Letras de Lisboa, que frequentou entre 1873 e 1874. Cesário Verde estreou-se, nessa altura, colaborando nos jornais Diário de Notícias, Diário da Tarde, A Tribuna e Renascença. A partir de 1875 produziu alguns dos seus melhores poemas: «Num Bairro Moderno» (1877), «Em Petiz» (1878) e «O Sentimento dum Ocidental» (1880). Este último foi escrito por ocasião do terceiro centenário da morte de Camões e é, ainda hoje, um dos textos mais conhecidos do poeta, embora mal recebido pela crítica de então, numa incompreensão geral mesmo por parte de escritores da Geração de 70, de quem Cesário Verde esperaria aceitação para a sua poesia. A falta de estímulo da crítica e um certo mal-estar relativamente ao meio literário, expressos, por exemplo, no poema «Contrariedades» (Março de 1876), fazem com que Cesário Verde deixe de publicar em jornais, surgindo apenas, em 1884, o poema «Nós». O binómio cidade-campo surge como tema principal neste longo poema narrativo autobiográfico, onde o poeta evoca a morte de uma irmã ( 1872) e de um irmão (1882), ambos de tuberculose, doença que viria a vitimar igualmente o poeta, apesar das várias tentativas de convalescença numa quinta no Lumiar. Só em 1887 foi organizada, postumamente, por iniciativa do seu amigo Silva Pinto, uma compilação dos seus poemas, a que deu o nome de O Livro de Cesário Verde (à disposição do público em geral apenas em 1901). Dividida em duas secções, Crise Romanesca e Naturais, o livro não seguiu qualquer critério cronológico de elaboração ou de publicação. Entretanto, novas edições vieram acrescentar alguns textos à obra conhecida do poeta e organizá-la segundo critérios mais rigorosos. Formado dentro dos moldes do realismo e do parnasianismo literários, Cesário Verde afirmou-se sobretudo pela sua oposição ao lirismo tradicional. Em poemas por vezes cínicos ou humorísticos (na linha de A Folha, de João Penha, ou de Baudelaire, de que se reconhece a influência sobretudo no tratamento da temática da cidade, do amor e da mulher) conseguiu manter-se alheio ao peso da «literatura», procurando um tom natural que valorizasse a linguagem do concreto e do coloquial, por vezes até com cariz técnico, marcando um desejo de autenticidade e um amor pelo real, que fez com que a sua poesia enfrentasse, por vezes, a acusação de prosaísmo. Com uma visão extremamente plástica do mundo, deteve-se em deambulações pela cidade ou pelo campo (seus cenários de eleição) transmitindo o que aí era oferecido aos sentidos, em cores, formas e sons, de acordo com a fórmula do próprio poeta, expressa em carta ao seu amigo Silva Pinto: «A mim o que me rodeia é o que me preocupa». Se, por um lado, exaltava os valores viris e vigorosos, saudáveis, da vida do campo e dos seus trabalhadores, sem visões bucólicas, detinha-se, por outro, na cidade, na sedução dos movimentos humanos, da sua vibração, solidarizando-se com as vítimas de injustiças sociais e integrando na sua poesia, por vezes, um desejo de evasão. Conhecido como o poeta da cidade de Lisboa, foi igualmente o poeta da Natureza anti-literária, numa antecipação de Fernando Pessoa/Alberto Caeiro, que considerava Cesário um dos vultos fundamentais da nossa história literária. Através de processos impressionistas, de grande sugestividade (condensando e combinando, por exemplo, sensações físicas e morais num só elemento), levou a cabo uma renovação ímpar, no século XIX, da estilística poética portugue
sa, abrindo caminho ao modernismo e influenciando decisivamente poetas posteriores.

terça-feira, 5 de agosto de 2014









Albarracín is a beautifully preserved medieval village in Northern Spain


Bagan is an ancient city hidden deep inside Burma. At the height of the Kingdom of Pagan, the city had over 10,000 Buddhist temples. Today, over 2200 of these are still standing, making it an amazing place to visit.

Aescher hotel is so high up on the Appenzellerland mountains that you have to hike or get a cable car to reach it. Amenities are intentionally basic but the food is hearty and the nearby trails lead to exhilarating adventures.


 which offers amazing views of the island

Found deep within this huge National Park is the boundary between North America and Europe. Lucky divers can swim in between the tectonic plates of these two continents, which is getting 2 centimeters wider every year

Sandra Jordan
Bishop Castle is undoubtedly one of the craziest castles in the world, created by the one-man castle builder Jim Bishop. It's an incredible place to get married or just to visit for inspiration. 
Huacachina is a tiny village of just over 100 people built around a lush oasis in an otherwise barren desert. For a few bucks, you can rent sandboarding equipment and try one of the locals' favorite thrills.